Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicarEu só sei que falava e cheirava e gostava de marSei que tinha tatuagem no braço e dourado no denteE minha mãe se entregou a esse homem perdidamenteEle assim como veio, partiu, não se sabe pra ondeE deixou minha mãe com olhar cada dia mais longeEsperando parada pregada na pedra do portoCom seu único velho vestido cada dia mais longeMas curtoQuando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me no mantoMe vestiu como se eu fosse assim, uma espécie de santoMas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulherMeninava cantando cantigas de cabaréMinha mãe não tardou a alertar toda a vizinhançaA mostrar que ela estava bem mais que uma simples criançaE não sei bem...Ou se por ironia, ou se por amorResolveu me chamar com o nome do nosso senhorMinha história e esse nome que ainda hoje carrego comigoQuando vou para o bar e vá, viro a mesaBerro, bebo e brigoOs ladrões e as amantes, meus colegas de copa e de cruzMe conhecem só pelo meu nome de Menino JesusOs ladrões e as amantes, meus colegas de copa e de cruzMe conhecem só pelo meu nome de Menino JesusSó pelo meu nome de Menino Jesus