(Dalla - Palotino)
verso de Chico Buarque, 1970
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu s sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no brao e dourado no dente
E minha me se entregou a esse homem perdidamente
Ele assim como veio partiu no se sabe pra onde
E deixou minha me com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu nico velho vestido cada dia mais curto
Quando enfim eu nasci minha me embrulhou-me num manto
Me vestiu como se fosse assim uma espcie de santo
Mas por no se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabar
Minha me no tardou a lertar toda a vizinhana
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criana
E no sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor
Minha histria esse nome que ainda hoje carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladres e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem s pelo meu nome Menino Jesus
Andr Velloso - Rio de Janeiro, Brazil
alvnet@altavista.net