Senhor, hoje sem crer, sonhei consigo
Sonhei-a tão lenteira para mim
Sonhei-a ter assim o meu abrigo
No seu cheiro de corpo e de sentir
Senhora, foi da hora, era já tarde
A hora em que me espreita da janela
E o corpo todo inteiro aquece e me arde
Por saber a despir-se dentro dela
É que não é amor, minha senhora
É o vê-la nua pela janela aberta
É o jeito lento seu que me namora
Quando lhe cai dos ombros a coberta
Depois, senhora minha, me detenho
Porque hoje não é amor, minha senhora
Olha-me nos olhos, me sorri
E mostra-me entre os dedos o desenho
Da fonte de água em que a sonhar bebi
E agarra-se aos cabelos
Fazem dor
Mas insiste na dor aí por dentro
E beija-se no peito e no suor
Até cair cansada bem no centro
E aos meus olhos, demoradamente
Atira um beijo e fecha o testigo
Eu sou um rapaz que não tem medo
Faz que nem nos sonhos mente
Senhor, hoje sem querer sonhei consigo
É que não é amor, minha senhora
É o vê-la nua pela janela aberta
É o jeito lento seu que me namora
Quando lhe cai dos ombros a coberta
Depois, senhora minha, me detenho
Porque olha-me nos olhos, me sorri
E mostra-me entre os dedos o desenho
Da fonte de água em que a sonhar bebi
E agarra-se aos cabelos
E agarra-se os dedos o desenho
É o jeito lento seu que me namora
É o jeito lento seu que me namora
Quando lhe cai dos ombros a coberta
E mostra-me entre os dedos o desenho
Dê-me um sorriso e mostra-me entre os dedos o desejo da fonte de água em que a sonhar bebi.
Legenda por Sônia Ruberti