Os pássaros de estuque começaram a voar.
Papel de parede parecia querer falar.
Da ponta do quarto via tudo a mexer,
a fazer por-me avisar.
Ao abrir os olhos vi que era mesmo assim.
Tudo revirava e voltava para mim.
Ainda agora é cedo e já é tarde a sair.
Acordar e de mim fugir.
Garças, luz e dias, as vigias do portal
apontam nesta direção.
Arremessam névoas de bichos,
cachos de caprichos,
os meus medos todos,
dos mais certos aos mais tolos.
Algo não está certo,
o tico e o teco não estão bem.
Juro ao mais sagrado,
nunca fiz mal a ninguém.
Sonho cada coisa,
cada sono é diferente.
Desta vez caiu-me um dente.
Desta vez.
Vês?
Desta vez.
Caiu-me um dente.