Alô,
Lanúcio!
Tamo junto, meu irmão.
Eu tenho uma boca que arde como o sol
O rosto e a cabeça quente
Com Madalena vou-me embora
Agora ninguém vai pegar a gente
Dei minha vida num pedaço de pão Um esconderijo e um água ardente
Mas um dia eu arranjo outra viola E na viagem vou cantar pra Madalena
Não chore não, querida Que esse deserto fina
Tudo aconteceu e eu nem me lembro Minha braça,
minha vida,
me leve em teu cavalo
Que logo no paraíso chegaremos Vejo cidades,
fantasmas e ruínas
À noite escuto o seu lamento São pesadelos e aves de rapina
No sol vermelho do meu pensamento Será
que eu dei um tiro no cara da cantina?
Será que eu mesmo acertei seu peito?
Vem, vamos voando, minha amada Alena
O que passou,
passou,
não tem mais jeito Naquela sombra vou armar minha rede
Me olharam solitários viajantes Beber,
cantar e matar a minha sede
Lá longe onde tudo é
verdejante Não chore não, querida
Que esse deserto fina Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Minha braça,
minha vida,
me leve em teu cavalo Que logo no paraíso estaremos
Feito agrima rezar uma prece tão antiga Domingo na capela da fazenda
Brinco de ouro e botas coloridas Nós dois aprisionados nesta lenda
Ouço um trovão e penso que há um tiro A noite escura me condena
Não sei se vivo,
morro ou deliro Depressa,
pega a arma,
amada Alena
Se há luz por trás daquela serra Mirar,
mas não erra,
minha pequena
A noite é longa e é tanta terra Poderemos estar mortos noutra cena
Não chore não, querida Que esse deserto fina
Tudo aconteceu e eu nem me lembro Minha braça,
minha vida,
me leve em teu cavalo
Que logo no paraíso estaremos Não chore não,
querida
Que esse deserto fina Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Minha braça, minha vida, me leve em teu cavalo
Que logo no paraíso dançaremos