Eu não sei no que você quer me transformar num satélite,
num robô,
num ser de sal.
Mas eu posso lhe dizer que sou mais gente que você.
No seu mundo social sempre fui um marginal.
Consciente do que sou, eu não quero mudar.
É na margem que eu encontro a lucidez.
Pois normal hoje é na verdade o anormal.
Eu prefiro ser assim que uma estátua de marfim.
Eu preciso mais de sol que uma festa de ilusão.
E a verdade pode estar na caspa e não no shampoo.
Primeiro eu disco minha vida, minha vista,
minhas vestes, minha voz.
Depois eu visto um novo gesto, um novo jeito,
nova gente, novo jeito.
Juntos criatura e criador,
quem sou?
Quero pela margem me perder,
me achar.