Bebado, drogado,
militante da má vida
Alfredo Benjamin era um beco sem saída
Saía de casa angustiado, chegava alegre e torto
Dormia muito pouco,
mas quando dormia parecia que estava morto
Menospezável ao casamento,
jamais fora escravo de uma mulher
Bebia de Cheeves Regal,
mas quando não bebia beia um outro qualquer
Era um famoso desconhecido que chegava sem avisar
Até que foram dar com ele morto,
abraçado à garrafa
Sentado na sanita de um bar
Está tudo bem, está tudo bem
Não era ninguém,
não era ninguém
Bem feita,
mal afamada,
amante do luxo e conforto
Diz que Maria Alice fazia amor com quem faz desporto
Nos carros,
nos hotéis,
à beira-mar,
nas noites de verão
Fazia o que tinha a fazer,
sendo dinheiro a condição
Gostava da forma afetada,
como que certas mulheres olhavam para ela
Pois sabia mais sobre a vida delas do que elas sobre a dela
Obeava tanto os homens quanto gostava de o assumir
Até que foram dar com ela morta,
sorrindo nua, a apoiar nas águas do rio
Está tudo bem,
está tudo bem Não era ninguém,
não era ninguém
Junitente Ana Fábio,
advogado nos tribunais de Deus
A desgraça do Falmar Praça deu asa graça nos círculos ateus
Contrabandista de pecados,
traficante de preceitos
Era pastor nas horas vagas,
a ovelha a tempo inteiro
Conselheiro sexual das beatas,
professor de ética dos meninos
Natural do paraíso,
viveira no inferno,
clã de estímulo
Filho do prazer,
pai de uma devoção que dói Até que foram dar com ele morto,
no confessionário
Sem o hábito de ler os corpos da Playboy
Está tudo bem,
está tudo bem Não era ninguém,
não era ninguém