Numa rua de má fama faz negócio um charlatão
Vende perfumes de lama, anéis de ouro a um tostão
Enriquece o charlatão
No beco mal afamado as mulheres não têm marido
Um está preso, outro é soldado
Um está morto e outro ferido
E outro em França anda perdido
É entrar senhorias a ver o que cá se labra
Sete ratos, três enguias, uma cabra, abracadabra
Na ruela de má fama o charlatão vive
Chegam-lhe toda semana em camionetas de carga
Rezas doces, paga amarga
No beco dos malfadados os catraios passam fome
Têm os dentes enterrados no pão que ninguém mais come
Os catraios passam fome
É entrar senhorias a ver o que cá se labra
Sete ratos, três enguias, uma cabra, abracadabra
Na travessa dos defuntos charlatões e charlatonas
Discutem dos seus assuntos
Repartem-se em quatro zonas
Instalados em poltronas
Para que o churrasco chegue ao churrasco
Da rua saia em toupeiras
Entre o frio nos buracos
Dorme a gente nas soleiras
Das casas feitas em cacos
Em troca de alguns patacos
É entrar senhorias a ver o que cá se labra
Sete ratos, três enguias, uma cabra, abracadabra
Entre a rua e o país
Vai o passo d'um anão
Vai o rei que ninguém quis
Vai o tiro d'um canhão
E o trono é do charlatão
Entre a rua e o país
Vai o passo d'um anão
Vai o rei que ninguém quis
Vai o tiro d'um canhão
E o trono é do charlatão
Entrar, senhorias, a ver o que cá se labra
Sete ratos, três enguias, uma cabra, abracadabra
Entrar, senhorias, entrar
Senhorias, entrar