Eu sou um filho sem sorte Que só nasci pra sofrerVivo triste, abandonado Sofrendo sem merecerJá que não existe festa Com a vida feita estaÉ muito melhor morrer Oh, vida de gadoEu sou um filho sem sorte Que só nasci pra sofrerVivo triste, abandonado Sofrendo sem merecerJá que não existe festa Com a vida feita estaÉ muito melhor morrerQuando eu tinha quatro anos Minha mãe adoeceuPapai fez todos os esforços Comprou remédioE levou-me pra casaE me deu Fiquei sem ninguém na vidaPerdi minha mãe querida Não teve jeito e morreuSó ficou eu e papai Na maior lamentaçãoPra me ajudar a sofrer Não sobrou nenhum irmãoFiquei sem prazer na vida Perdi minha mãe queridaE me botaram na pensãoEu rezo para a mamãe Para o meu papai amadoPorque sou pequenininho Nesse mundo separadoAgora vou terminar Peço pra não desprezarOs filhinhos abandonados Oh, vida de gadoOh, vida de gadoEi, oh, gadoVai trabalhando, vaqueiro Vai descerEi, meu gaviãoA história do vaqueiro que chora Quando lembra da sua vaqueriaSe por acaso eu chorar Não é pra chatearSó quero desabafarA dor de uma ilusão De quem fez tanta alegriaE já fui feliz um dia Hoje canto em poesiaToda sua ingratidãoDizem que homem não chora Isso depende da horaQuando se ver embora A sua grande paixãoA gente tenta esconder Mas sente o peito doerE as lágrimas descer Vendo o menino chorandoQuando para de chorar Corre pra mesa de um barPensando em desabafar Sua triste solidãoE a noite no desespero Se abraça com o travesseiroPensando em sentir o cheiro Que ela deixou no portãoOh, vai, vaqueiroEi, meu gaviãoUh!Ei, oh, gadoEi, oh, gadoEi, oh, gadoEi, vida de gadoEi, ohEi, meu gaviãoTodo mundo tem direito De uma aposentadoriaO meu dono me criou Trabalhando noite e diaHoje estou velho e cansado Agora sou desprezadoPor ele e toda a famíliaMe prenderam no curral Sem ter nada pra comerSou um boi velho e cansado Nem água tem pra beberDepois de trabalhar tanto Vivo jogado no cantoDe mim ninguém quer saberEstão vendendo meu corpo Pra botar no matadorEscutei essa conversa Da boca do compradorEle não tem sentimento Esse é o pagamentoDe quem tanto trabalhouCuida, meu gaviãoEu novo fui boi de carro Já puxei terra e aradoAjudei o meu patrão Ver os seus filhos formadosO meu dono me vendeu Sacalei o sangue meuNo matador derramadoQuem escuta a minha história Vai chorar como eu choreiE saber que você morreu Por quem tanto ajudeiDepois fazem um churrasco Bem em cima do meu rastroNas terras que trabalheiAi, meu gaviãoQuem escuta a minha história Vai chorar como eu choreiAi, meu gavião