No dia seguinte de manhã, tornaram a encontrar-se todos no sítio do costume.
Bom dia, o que é que me trouxeste hoje?
O rapaz pegou na menina do mar, sentou-a numa rocha e ajoelhou-se a seu lado.
Trouxe-te isto, disse.
É uma caixa de fósforos.
Não é lá muito bonito, disse a menina.
Não, mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre, que se chama fogo.
Vais ver.
E o rapaz abriu a caixa e acendeu um fósforo.
A menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no fogo.
Isso é impossível, disse o rapaz.
O fogo é alegre, mas queima.
É um sol pequenino, disse a menina do mar.
Sim, mas não lhe se lhe pode tocar.
E o rapaz superou o fósforo e o fogo apagou-se.
Tu és bruxo.
Sopras nas coisas e elas desaparecem.
Não sou bruxo.
O fogo é assim.
Enquanto é pequeno, qualquer sopro o apaga.
Mas depois de crescido...
Pode devorar florestas e cidades.
Muito obrigada.
Obrigada.
Obrigada.
É o melhor amigo do homem, aquece-o no inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante a noite,
mas quando o fogo cresce demais, zanga-se, enlouquece e fica mais ávido, mais cruel e mais perigoso que todos os animais ferozes.
As coisas da terra são esquisitas e diferentes, disse a menina do mar.
Conta-me mais coisas da terra.
E então sentaram-se os dois dentro de água.
E o rapaz contou-lhe como era a sua casa e o seu jardim, e como eram as cidades, os campos, as florestas e as estradas.
Ai, como eu gostava de ver tudo isso.
Vem comigo, eu levo-te à terra e mostro-te coisas lindas.
Não posso, porque sou uma menina do mar.
O mar é a minha terra.
Tu se vieres para o mar, afogas-te.
Eu se for para a terra, seco.
Não posso estar muito tempo fora de água.
Fora de água fico como azar.
Os algas na maré vaza, que ficam todas enrugadas e secas.
Se eu saísse do mar, ao fim de algumas horas ficava igual a um farrape de roupa velha
ou um papel de jornal destes que às vezes há nas praias
e que têm um ar tão triste e infeliz de coisa que já não serve para nada
e foi deitada fora e já ninguém quer.
Que pena que eu tenho de não te poder mostrar a terra, disse o rapaz.
Eu que pena que eu tenho de não te poder levar comigo ao fundo do mar
para te mostrar as florestas de algas, as grutas de corais,
e os jardins de anêmonas.
E nessa manhã, o rapaz e a menina, enquanto nadavam,
iam contando um ao outro as histórias do mar e as histórias da terra,
até que a maré subiu e despediram-se.
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
E aí
Amém.
Amém.
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