Tu vieste lá de não sei de onde,
Sem porquê nem como a falar por mim.
Mesmo que eu não queira ser falado assim
E disseste
que vinhas por nada,
Que a tua palavra era para cumprir,
Eu só tinha
que estar cá para te ouvir.
E disseste
que eu e tu somos nós,
E que somos iguais debaixo do mesmo sol.
E escreveste que sempre assim será,
Que nem que Cristo deixe a terra,
Que em ti nada mudará.
Apontaste baixos e panelas,
E outras balelas que fios é quero ouvir.
Eu vi logo
que te estavas a exibir,
E andaste por palcos de feiras,
Com as tuas peneiras a tapar o sol.
Afinal,
o que tu queres é ser ator,
Estar nas vistas é o teu ideal,
Andares com muitos zeros para seres decimal,
Teres sempre a jeito um século fiel,
Para te cobrir as costas,
Para te levar as pastas,
Para te pôr um zé contra o panel.
Estar nas vistas é o teu ideal,
Andares com muitos zeros para seres decimal,
Teres sempre a jeito um século fiel,
Para te cobrir as costas,
E pôr um zé contra o panel.