A novidade
que tem no brejo da cruz
É a
criançada se alimentar de luz
Alucinados meninos ficando azuis
E desencarnando lá no brejo da cruz
Eletrizados cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
assumem formas mil
Um vento em fumo tem uns que viram Jesus Muito sanfoneiro
segue-o tocando blues
Uns têm saudade e dançam maracatu Uns atiram pedra,
outros passeiam luz
Mas há milhões desses seres que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta de onde essa gente vem
São jardineiros,
guardas noturnos casais São passageiros,
bombeiros e babás
Já nem se lembram
que existe um brejo da cruz Que eram crianças e que comiam luz
São cachineiros, balançam nas
construções São bilheteiros, baleiros e garçons
Já nem se lembram que existe um brejo da cruz
Que eram crianças
e que comiam luz