Barragão
Barragão é seu, eu vou desocupar Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Se o barragão é seu, pode fingir da mulher Desde um coração de anjo, às feições de luz se vê barragão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Uma dúzia de mulheres eu queria governar Três Odete, três Maria, três Judite, três Guiomar
Eu queria ser balaio da polenta do café Para andar de pendurado na cintura da mulher barragão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Lá tem a morte pesca, mecanismo e samura Quando a morte pesca, peixe que fome não há por lá
Ao cantar este samba, me lembro do maestro Fofão Gravando na companhia de um barragão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Quero mais teu amor, nem tão pouco teus carinhos Prefiro viver nas matas como vive os passarinhos
Mas embora enganadeiras não me venham a se enganar Não me venham a dar o pavo que me deu a Guiomar
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Estrela do céu que brilha, no azul do firmamento O nome daquele ingrato não me sai do pensamento
Na Bahia me mandaram um presente num balaio Era um corpo de gente, cabeça de papagaio
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Eu queria ser balai, balai eu queria ser Por andar de pendurado nas cadeiras de poço
Eu sou o João da gente, não nego o meu natural Eu defendo a bordela no dia de carnaval barratão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Sou a mana clementina, conhecida devagar Olha aí mangueira, todo mundo quer saudade
Quem não pode não intima Deixa quem pode intimar
Quem não pode na carreira Vai andando devagar barragão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Javoi me botou fora Foi no tempo da miséria
Tinha eu quatorze anos Veja que tamanho eu era
De mangueira vem cartola Do Estácio Ismael
Da bordela vem o Paulo Que era o nosso Deus no seu barragão
Barragão é seu, vou desocupar Coração é meu, vou desabafar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar
Grita meu violão que eu vou embora Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar