Como por dentro das pedras,
como por dentro do vento,
Há pintores de si mesmos
e que têm Deus por dentro.
Os pintores que Deus tem,
para ajudá-lo a ser Deus,
Que não sendo de ninguém,
são também pintores meus.
Boal, relógio, maluda,
estão mais vivos do que a vida,
Escolhendo a cor da ternura,
que nunca estará escolhida.
Pois é pela cor da amizade,
que há das cores a mais bela,
Que os pintores nunca morrem,
só adormecem na tela.
É por dentro das areias,
das teias dos alcatruzes,
Que os pincéis são alcatreias,
e os silêncios são as luzes.
Com a precisão do relógio,
as mãos quentes do boal,
São janelas que a maluda abre ao sol de Portugal.
Para o pintor conta a norma,
da norma nunca contar,
Se o conteúdo der forma,
há forma de respirar.
Para o pintor conta o tempo,
conta a luz que tem a vida,
Aborte é que nunca conta,
é uma tela perdida.
Para
o pintor conta a norma,
da norma nunca contar,
Se o conteúdo der forma,
há forma de respirar.
Para o pintor conta o tempo,
conta a luz que tem a vida,
Aborte é que nunca conta,
é uma tela perdida.