O que será que me dá Que me bole por dentro?
Será que me dá Que brota a flor da pele?
Será que me dá E que me sobe as faces e me faz corar?
E que me salta os olhos a me atraiçoar?
E que me aperta o peito e me faz confessar?
O que não tem mais jeito de dissimular?
E que nem é direito ninguém me recusar?
E que me faz mendiga, me faz suplicar?
O que não tem medida nem nunca terá?
O que não tem remédio nem nunca terá?
O que não tem receita?
O que será que será?
Que dá dentro da gente que não devia?
Que desacata a gente que é revelia?
Que é feito uma água ardente que não sacia?
Que é feito estar doente de uma folia?
Que nem dez mandamentos vão conciliar?
Nem todos os ungüentos vão aliviar?
Nem todos os quebrantos toda alquimia?
Que nem todos os santos será que será?
O que não tem descanso nem nunca terá?
O que não tem cansaço nem nunca terá?
O que não tem limite?
E não tem-se-a perdoado com mais.
Não tem nada que impro
Obrigado por assistir!
Que todos os tremores me veem agitar
Que todos os ardores me veem atiçar
Que todos os suores me veem encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem juízo
O que não tem governo nem nunca terá